quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Karma - A origem da dor





FIORAVANTI, Celina. Karma – A origem da dor. São Paulo. Pensamento, 180 p. 1995.


Celina Fioravanti foi escritora, taróloga, estudiosa da Antiga Tradição Cabalística. Realizava palestras e cursos a distância de estudos místicos e religiosos. Formou-se em Belas Artes pela Universidade Federal do Paraná onde fez licenciatura em Desenho. Sua obra é composta por mais de 30 livros tendo alguns sido publicados em outros países. Faleceu em 2 de abril de 2007, seu filho e nora continuam divulgando suas obras.

O livro Karma – A origem da dor foi escrito em função das inúmeras perguntas que os alunos e participantes de suas palestras faziam após ouvi-la. Fioravanti inicia o livro conceituando a palavra Karma como o acúmulo de diversas situações que geraram um conjunto energético intenso, impresso no espírito e no períspirito. A eliminação do karma se faz sempre por meio da dor sendo também possível eliminá-lo de maneira libertadora e positiva usando a razão e o livre arbítrio. O objetivo do karma é aprendermos a viver melhor com responsabilidade por nossos atos. Fala a autora que sempre que alguém desenvolve suas capacidades inatas purificando-se liberta-se de seus karmas e deixa de produzir novos. Esclarece que a dor é força viva, atuante, que deveria nos impulsionar ao crescimento através da compreensão de suas causas; não sendo assim de nada adiantará sofrer. Aponta ela os vários tipos de reencarnação e de karma e aponta possíveis causas e comportamentos renovados para a solução dos problemas.

A autora apresenta como um item importante nas questões kármicas a morte da personalidade egoísta. Para realizarmos esse trabalho ela apresenta um roteiro inspirado na Teosofia. Nesse roteiro um item fundamental para a não produção de karma é a reformulação do pensamento e a reestruturação dos conceitos verbais.
Celina afirma existir relação entre o karma e a astrologia com três situações distintas a saber: Ação, pensamento e sensação. As nossas ações estão ligadas ao signo astrológico solar, os nossos pensamentos ao signo astrológico ascendente e finalmente os nossos sentimentos estão ligados ao signo astrológico lunar. Então é importante conhecermos a qual signo solar, ascendente e lunar estamos ligados para compreendermos nossas ligações kármicas e sabermos o que trabalhar em nós.

Há a necessidade de queimarmos nosso karma e para isso é primordial passarmos pela dor e praticarmos o bem ao semelhante. Segundo a autora sentir a dor é viver passivamente, a iluminação acontece quando humildemente trabalhamos para servir e melhorar a vida do próximo. A ação somada às orações queima todos os karmas.
A autora faz um levantamento das diversas situações kármicas de dor. Aponta o casamento como uma das situações, devido as variadas implicações existentes nesse tipo de relacionamento, o mesmo ocorrendo nas relações entre pais e filhos como também no trabalho. Em todas essas instâncias há a necessidade do afeto e da educação amorosa para a solução dos conflitos existentes. Em relação à saúde há diferentes níveis de karmas originando doenças que deverão nos ensinar a valorizar e zelar pelo nosso corpo. Nesse nível também pode apresentar segundo a autora a obsessão, que é a atuação de um espírito de baixo nível evolutivo sobre um encarnado. Isso se dá em função de problemas existentes entre ambos em reencarnações passadas onde gerou o karma. O obsessor é um sofredor que recusa ajuda para manter a ‘vítima’ sob seu jugo. 

Fioravanti analisa algumas problemáticas de certas pessoas em relação à sexualidade apontando como resultado do baixo nível evolutivo do ser humano, podendo algumas práticas tal como o aborto tornar a pessoa uma criminosa. Também a religião é analisada pela autora como geradora de karma, inclusive coletivo quando seus adeptos deixam de se guiar pelas possibilidades que a mesma apresenta de evolução e a tem como salvadora. Outro ponto de muita importância para geração de karmas difíceis para futuras reencarnações são os vícios e o suicídio.


Na segunda parte do livro, Celina Fioravanti trabalho sobre as origens da dor propriamente dita explicando que há três tipos de dor, a saber: Material, mental e reflexa; e existe três tipos de sofredores: Revoltados, resignados e resignados ativos. Ela explica que para equilibrar o karma é fundamental fazermos mudanças em nós educando o pensamento. Ela ensina a fazer esse processo educativo através de treinos; orienta sobre alterar a nossa capacidade de percepção dos fatos; sair do estado de inércia mental ganhando lucidez; fazer bom uso da palavra; modificar nossos atos nos tornando pessoas melhores. Nessa parte a autora apresenta os obstáculos às nossas modificações que são: Ilusão, desejo, apego, medo, tristeza e dúvida. Ela apresenta alguns caminhos para fazermos o trabalho conosco de mudança de atitudes para queimarmos os karmas existentes e não criarmos novos. São o caminho da intuição captando com maior naturalidade as informações do mundo espiritual; o caminho da busca do conhecimento insistentemente para nos libertarmos; o caminho da atuação sobre os quatro elementos da natureza; enfim àquelas almas que estão mais evoluídas há o caminho das práticas devocionais.

Fioravanti apresenta os fundamentos do erro. Trazemos em nós sentimentos nocivos à nossa saúde física e espiritual, sentimentos ligados aos sete pecados capitais que são: A ira, o orgulho, a avareza, a inveja, a impureza sexual, a gula e a preguiça. Ela apresenta as características de cada pecado, o comportamento daquele que alimenta em si um deles, a vinculação desses sentimentos com o mundo espiritual inferior e ao fim sugere algumas orações a serem feitas em relação a cada pecado.
No terceiro e último capítulo a autora apresenta sete exercícios que podem ser utilizados por qualquer pessoa, o objetivo é amenizar as dificuldades que esteja enfrentando durante a queima de karma.


1º- A escada
     Queimar karma por etapa.
2º- O arco-íris
      Trabalhar com luz ativando energias espirituais e harmonizando o corpo.
3º- O triângulo de forças
      Sustentação material e condução ao céu.
4º- A respiração de eliminação
      Oxigena o corpo, absorve o fluido vital e variação de imagem mental com     
      efeito no corpo.
5º- A estrela de cinco pontas
      Proteção contra as forças negativas dos seres sem luz.
6º- Os pensamentos contrários
      Acorda a mente mergulhada na ilusão.

7º- Os círculos de cor
      Purificação de ambientes através do uso das cores.
 

Segundo palavras da autora na página 174, ela tem ‘uma formação esotérica’ e observei nesse livro, pois não conheço outros dela, que a autora compõe seus ensinamentos sob uma variedade de conhecimentos não se permitindo uma linha específica de raciocínio. Ora usa termos espíritas, ora usa exercícios esotéricos, ora indica informações de astrologia, ora cita ensinamentos de religiões orientais. Acredito que essa união de informações utilizadas, possa dar ao leitor ideia equivocada ou incompleta das filosofias citadas pois em alguns aspectos teóricos, há divergências de pensamento entre elas. Não entendi também a editora classificar o livro de Celina Fioravanti numa ‘Coleção Espírita’, demonstrando desconhecimento, uma vez que a palavra karma não faz parte da terminologia espírita porque seu significado anteriormente estabelecido pelas religiões orientais não comungam com a visão espírita da evolução. Allan Kardec, o elaborador do Espiritismo adotou a expressão ‘Lei de Causa e efeito’ por atender melhor à proposta de evolução do espírito, defendida por essa doutrina. Para o leitor que desconhece as linhas filosóficas que sustentaram o pensamento da autora, ficará uma informação deturpada em alguns aspectos. Para aquele que conhece, fica o aprendizado sobre o ponto de vista de Celina Fioravanti em relação à palavra karma.


 Obs.: Obra estudada no curso Terapia Lumni com as terapeutas Carmem Farage e Bárbara Bastos.