sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Enchentes em Cataguases 2

Saí de casa às 10:20 h com intensão de fazer uma ronda pela cidade para trazer informações para vocês que têm entrado em contato comigo através deste blog.
Na Vila Tereza as pessoas estavam tirando o barro de suas casas pois o nível da água abaixara sensivelmente na madrugada, mas ainda faltava água potável nas residências. Umas pequenas casas velhas depois da Auto-Escola Fórmula 1 não resistiram e desabaram sem fazer vítimas. Já havia passagem para o bairro Beira Rio e o trânsito estava bem agitado como de costume.
Voltei e fiz essas três fotos do nosso Rio Pomba com um nível bem mais baixo de água.


Eram 10:30 h quando iniciei as fotos. Foram tiradas da área entre o rio e o Posto Vila Tereza onde funciona um lanche atualmente.


Nas casas ao fundo dá para vermos as marcas da água.


Na noite de quarta-feira a água tomou esta parte chegando no piso dessa área que tem um parque infantil.
Fui ver a Ponte Metálica seguindo pela calçada do Clube do Remo. A entrada para a Vila Minalda estava livre e soube que já era possível entrar e sair da cidade.
Não fiz fotos da Ponte Metálica pois a mesma estava muito suja e feia sem um bom banho e as pessoas limpavam os pontos comerciais daquela localidade retirando o barro e lixo entulhado.
Ao retornar pelo mesmo caminho presenciei a batida de um carro num poste em frente a entrada social da Cia.Industrial. Isso mudou bastante os meus planos pois atravessei a rua e fui auxiliar a mulher que saiu do carro gritando. A mulher chama-se Leliana Juraci que estava de carro com o irmão pois haviam ido à Vila Minalda buscar a amiga Sônia de apenas 20 dias de operada para hospedá-la depois de terem ficado ilhadas por esses dias. Juraci quase desfaleceu e no Sindicato dos Hidroelétricos em frente tomou água, descansou um pouco enquanto fui buscar a Sônia no carro. Como Juraci tinha um corte no rosto conduzi as duas ao Pronto Socorro próximo e por lá fiquei até as 13:00 h como acompanhante até que chegou alguém da família e pude seguir minha ronda.


Aqui dá para vermos que a água estava bem mais calma.



Nossa Ponte Metálica já sem água sobre ela e o Clube do Remo também. Nessa hora o tempo ainda estava bem fechado parecendo que choveria, mas esquentou muito durante toda a tarde desta sexta-feira e não choveu mais.
O trânsito estava agitado por alguns motivos:
Não havia sinalização devido a falta de energia elétrica em vários pontos da cidade;
O número de pessoas que vinham de seus bairros para verem o que não puderam ver anteriormente por estarem ilhadas;
Flagelados alojados em escolas no centro da cidade;
Os comerciantes limpando seus pontos comerciais e já algumas poucas pessoas comprando no comércio local.



Este prédio, em frente a Chácara Catarina está interditado pois suas paredes do outro lado estão com rachaduras e nesta hora por volta de 13:30 soube que a metade de seus moradores já havia mudado. No térreo funcionava a loja de cama, mesa, banho e tecidos chamada C&S; seus funcionários retiravam as mercadorias que haviam sido guardadas na sobreloja na véspera e por uma abertura feita nos vidros guardavam num caminhão.
Ao retornar parei para lanchar e desejava ir para algum bairro mas ao subir pelo Calçadão soube que a Energisa antiga Cia. Força e Luz Cataguases Lepoldina estava procurando voluntários para separar os vários tipos de roupas e objetos pessoais que estava recebendo na campanha que iniciara e encontrando com uma amiga fomos juntas.



O local da coleta é o Centro Cultural Humberto Mauro, antigo Cine-Machado. Ao chegarmos encontramos o local organizado por alguns funcionários da Energisa e do Centro cultural, então aguardamos os materiais que não demoraram a chegar( roupas e calçados masculinos, femininos e infantis; materiais de limpeza; higiene pessoal; cama, mesa e banho; alimentos).





Saí do Centro Cultural às 18:00 h, estava cansada de ficar abaixada separando, amarrando e guardando calçados; várias caixas tanto de calçados quanto de roupas já haviam sido lacradas para serem distribuídas em Cataguases e cidades vizinhas. Até água de mina em garrafas plásticas chegou para nós.
Falando em água pasmem mas um comerciante que não me dei ao trabalho de saber quem é aproveitando da situação estava vendendo galão a R$15,00, isso mesmo minha gente quinze reais. Em oposição a esse abusado/mercenário, pessoas que tem mina em casa e moram em locais não atingidos pela enchente ofereciam água a vontade para a população enquanto outro comerciante também distribui bastante água gratuitamente pela cidade.
Finalmente quando cheguei em casa suada e cansada não havia água para eu tomar um banho;como eu quero ter uma boa noite de sono fui ao bairro Granjaria na casa de meu irmão para fazer minha higiene pessoal.
Pela primeira vez na vida fiz um diário do meu dia e como já estou chamando urubu de meu louro vou dormir. Daqui há algumas horas estarei de pé para continuar a campanha mas procurarei descobrir algo mais para transmitir a vocês.
A situação já acalmou muito e tudo está chegando nos lugares que claro não serão os mesmos mas com nossa garra e determinação poderão ser melhores. Acredito nisso.

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